O museu bajubá tem a sua origem em 2012, com a primeira edição dos Roteiros pelos Territórios de Resistência e Memória LGBT do Rio de Janeiro (city tour LGBT; walking tour LGBT) - aulas-evento peripatéticas e lúdicas, através dos espaços conquistados à sociedade heterossexual, construídas após pesquisa histórica sobre a presença desses atores na vida da cidade.
Já conta com quatro Estações (cidades com territórios musealizados ou em vias de):
1. Rio de Janeiro
2. Belo Horizonte
3. São Paulo
4. Curitiba
Em breve estaremos com novo endereço.
Missão
Promover a cidadania cultural (Chauí, 2006) do povo bajubá, a educação para a diversidade e a cultura de paz, através da valorização
da história e memória de sodomitas, pederastas, almofadinhas, dandys, flaneurs, frescos, uranistas, invertidos, terceiro sexo, homossexuais, lésbicas, marimachas, fanchonas, sapatões, travestis e
transexuais.
Reconhecer e valorizar, por meio de pesquisas históricas, a presença e a participação dessa população na história e cultura da cidade, através dos territórios que
conquistaram à moral heterossexual (a um tempo pudica, lassiva e
hipócrita) e os ressignificaram em seus usos e sentidos.
Valores
Democracia
- Cidadania - Reparação histórica - Educação - Pesquisa.
Proposta
Compreende a cidade como um grande e rico acervo museológico a céu aberto, com os seus muitos movimentos palimpsestos (Almeida, 2011), sobrepondo formas de ser e viver, com as suas ideologias, modismos, apagamentos.
Um museu vivo, em movimento, composto pelos espaços da cidades.
A partir de pesquisas são recuperadas as formas de viver e resistir da comunidade bajubá nas cidades (estações), conhecidos os seus personagens singulares, seus locais e formas de moradia, trabalho, sociabilidade, lazer e sexo.
Realizados os mapeamentos desses acervos-territórios, são construídas as
exposições temáticas, que serão aqui exibidas. Ocasionalmente também
poderão ser programadas na versão presencial.
Elas se organizarão como Roteiros ou Itinerários. Eles envolvem
diversas ruas, calçadas, endereços, prédios, áreas geográficas, e
edificações, conjuntos arquitetônicos e equipamentos - existentes e destruídos (morros, praias, mictórios
públicos, estacionamentos) e documentam a vida dessa parcela
da população.
Os Roteiros são estruturados a partir de uma temática, como por exemplo, para o Rio de Janeiro: "Madame Satã", "sociabilidade e resistência",
"cabarés, conventilhos e bailes", "Os buracos do Rio".
Com
a continuidade das pesquisas, mais territórios serão incorporados e, via
de consequência, outras exposições temáticas serão construídas.
O olhar, aqui, portanto, não vai para o monumento, o local ou o equipamento urbano por si mesmo (a praça, a praia o parque, por exemplo). Vai para os atores e suas artes de fazer, resistir e acontecer, numa expressão feliz da cantora transexual Valéria Fernandez González (1972; Rodrigues, 2016; Certeau, 2003).
Numa proposta política e educativa. De promoção da cidadania cultural e da educação para a diversidade, no contexto das políticas de reparação e inclusão.
Outras experiências
O mapeamento de territórios e lugares de memória LGBT nas cidades e a sua divulgação, por meio de "walking tours LGBT", têm sido realizados, empiricamente, por ativistas LGBT em várias cidades do mundo e, no Brasil, em São Paulo.
Já foi apresentado, em palestra acompanhada de imagens, pelo pesquisador Luiz Morando, concernente à cidade de Belo Horizonte, em 2018.
Uma proposta diferente, mas também bastante importante é o mapeamento realizado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Lá foram trabalhados "locais" que, "por motivos diversos, são representativos para a memória LGBT+ em São Paulo" e que podem ser conhecidos clicando nas sinalizações apresentadas no mapa da cidade. Trata-se de uma iniciativa bastante interessante, que vai no mesmo sentido da promoção da cidadania cultural LGBT. Você pode visitá-la clicando
aqui.
Referências:
ALMEIDA, Rita de Cassia Mesquita de. Palimpsestos Urbanos: aprendizagens históricas em tramas dememórias da cidade. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, 2011, disponível em: http://www.ufjf.br/ppge/files/2011/07/Rita-de-C%C3%A1ssia-Mesquita-de-Almeida.pdf.
CERTEAU, Michel. A Invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis, RJ, Vozes: 2003.
CHAUÍ,
Marilena. Cidadania cultural: o direito à cultura. São Paulo:
Perseu Abramo, 2006.
FAU USP. Lugares de Memória LGBT+ na cidade de São Paulo. https://outrosurbanismos.fau.usp.br/lugares-memoria-lgbt-sao-paulo/
GONZÁLEZ, Valéria Fernández. (entrevista) Jornal do Brasil, Revista de Domingo, 16/07/1972, sem referência de página.
RODRIGUES, Rita de Cassia Colaço. Artes de Acontecer: Viados e travestis na Cidade do Rio de Janeiro, do Século XIX a 1980. Esboços: histórias em contextos globais, Florianópolis, v. 23, n. 35, p. 90-116, set. 2016. ISSN 2175-7976. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/2175-7976.2016v23n35p90. Acesso em: 09 jun. 2020. doi:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2016v23n35p90.
(Atualizado em 20/01/2021, às 17h35)
Comentários
Postar um comentário